segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Vai passar

Olhe, não fique assim não vai passar. Eu sei que dói. É horrível. Eu sei que parece que você não vai agüentar, mas agüenta. Sei que parece que vai explodir, mas não explode. Sei que dá vontade de abrir um zíper nas costas e sair do corpo porque dentro da gente, nesse momento, não é um bom lugar para se estar. Dor é assim mesmo, arde, depois passa. Que bom. Aliás, a vida é assim: arde, depois passa. Que pena. A gente acha que não vai agüentar, mas agüenta: as dores da vida. Pense assim: agora tá insuportável, agora você queria abrir o zíper, sair do corpo, encarnar numa samambaia, virar um paralelepípedo ou qualquer coisa inanimada, anestesiada, silenciosa. Mas agora já passou. Agora já é dez segundos depois da frase passada. Sua dor já é dez segundos menor do que duas linhas atrás.Você acha que não porque esperar a dor passar é como olhar um transatlântico no horizonte estando na praia.Ele parece parado, mas aí você desvia o olho, toma um picolé, lê uma revista, dá um pulo no mar e quando vai ver o barco já tá lá longe. A sua dor agora, essa fogueira na sua barriga, essa sensação de que pegaram sua traquéia e seu estômago e torceram como uma toalha molhada, isso tudo - é difícil de acreditar, eu sei - vai virar só uma memória, um pequeno ponto negro diluído num imenso mar de memórias. Levante-se daí, vá tomar um picolé, ler uma revista, dar um pulo no mar. Quando você for ver, passou.Agora não dá mesmo pra ser feliz. É impossível. Mas quem disse que a gente deve ser feliz sempre? Isso é bobagem. "É melhor viver do que ser feliz". Porque pra viver de verdade a gente tem que quebrar a cara. Tem que tentar e não conseguir. Achar que vai dar e ver que não deu. Querer muito e não alcançar. Ter e perder. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e dizer uma coisa terrível, mas que tem que ser dita. Tem que ter coragem de olhar no fundo dos olhos de alguém que a gente ama e ouvir uma coisa terrível, que tem que ser ouvida. A vida é incontornável. A gente perde, leva porrada, é passado pra trás, cai. Dói,ai,eu sei como dói. Mas passa.Tá vendo a felicidade ali na frente? Não, você não tá vendo, porque tem uma montanha de dor na frente. Continue andando. Você vai subir, vai sentir frio lá em cima, cansaço. Vai querer desistir, mas não vai desistir, porque você é forte e porque depois do topo a montanha começa a diminuir e o único jeito de deixá-la pra trás é continuar andando. Você vai ser feliz. Tá vendo essa dor que agora samba no seu peito de salto de agulha? Você ainda vai olhá-la no fundo dos olhos e rir da cara dela. Juro que tô falando a verdade. Eu não minto. Vai passar.

Caio F. Abreu

domingo, 25 de agosto de 2013

Por um mundo com mais amor e menos EU

Já dizia Cazuza "Eu quero a sorte de um amor tranquilo, com sabor de fruta mordida..." Todo mundo quer isso. No fundo, no fundo, todas as pessoas esperam encontrar alguém para juntas serem felizes. O fato é que, hoje em dia, as pessoas não tem mais paciência. Antigamente se construía uma relação para durar a eternidade. Hoje não. Hoje temos a liberdade de encerrarmos as relações a hora que bem entendemos. Isso é uma vitória. Ou não. O lado bom é que já não se passa uma vida toda com alguém que não se ama mais, que não te respeita ou não te valoriza. O lado ruim é que pequenos defeitos acabam virando um monstruoso, terrível e inaceitável problema. Todos nós devemos procurar a felicidade, e se permitir viver outros relacionamentos quando o atual está fadado ao fracasso. Porém, em alguns casos, esses probleminhas que surgem na vida a dois, e isso existe em TODOS os relacionamentos, acabam sendo motivos de brigas e términos. Os casais se separam. Só pensamos no nosso próprio umbigo. A única coisa que nos importa são as nossas vontades e nossos desejos. O outro que se rale! Eu quero ser feliz, e quero isso agora! E se não for do meu jeito....baubau. Ok! Aí tu termina, parte pra outra, cheia de orgulho. Encontra alguém, começa um relacionamento e....bimba! Tudo de novo. Relacionamento nenhum é baseado em paixão e desejo o tempo todo. Relacionamento é muito mais! A gente nunca vai encontrar alguém que seja exatamente como queremos. Ninguém mais tolera nada. A geração fast-food levou isso para os relacionamentos também. Não se cria confiança, cumplicidade, parceria...pois é isto que leva um relacionamento para frente. A vida é feita de escolhas. E todas elas possuem consequências. Se você tem um relacionamento em que existe respeito, cumplicidade, amor e parceria....pense bem! Pense bem antes de dizer "tchau". Talvez aquele defeito tão chato do outro não seja assim tão chato. Talvez quela falta de atenção em lembrar as datas ou reparar na sua roupa não seja assim algo tão grave! Grave é falta de respeito, é mentira, é joguinho, é anular o outro....isso sim é grave. O resto, meu amigo, são coisas contornáveis. Os defeitos que te irritam numa pessoa, podem ser pequenos perto de outros defeitos que você virá a conviver no seu próximo amor. Não sejamos acomodados. De forma alguma. Mas acho que falta um pouco de paciência nas pessoas e um pouco de falta de vontade. Conversei com um amigo que me disse "me arrependo até hoje de ter terminado meu namoro. Agora eu vi que aqueles defeitos nem eram tao grandes. Sinto muita falta dela, mas agora ela tá lá feliz do lado de um outro cara". Já uma amiga me disse que o ex não para de ligar, mandar mensagem, procurar...mas ela está em outra! É isso que acontece com términos prematuros. O arrependimento. E aí quando você se der conta disso, pode ser tarde demais. O outro já sofreu, já se recuperou e já está em outra! 




sábado, 24 de agosto de 2013

Não precisa ser criança para querer um colo

Todos nós temos que ser fortes. A gente aprende desde pequeno que precisa ser forte. Eu me considero uma pessoa forte. Já passei por tanta coisa....todo mundo já passou ou vai passar. E to aqui, firme e FORTE! Ser forte é superar obstáculos, é resolver problemas, é aguentar no osso algumas situações que aparecem. Temos família, amigos, as vezes amores, mas nós mesmos devemos dar conta do recado. É aquela velha história: nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Mas em alguns momentos precisamos de colo. Queremos um abraço ou carinho. Só isso. Não queremos palavras, nem soluções, muito menos que alguém pegue o volante da sua vida e dirija por você. Apenas colo. Apenas saber que tem alguém ali, alguém que vai te abraçar e dizer "está tudo bem", mesmo que não esteja. O afago não soluciona nada, mas dá força pra quem o recebe.

No outro dia é vida que segue. É bola pra frente. 


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

O primeiro desabafo

Nunca fui muito boa em me abrir com as pessoas. Tenho dificuldades de expor as coisas que sinto. Digo isso no sentido de conversar mesmo. Não gosto de discussões, não gosto de ver o outro triste e nem de ver alguém irritado. Mas essas coisas fazem parte da vida, não é mesmo? O fato é que desde pequena eu sempre preferi escrever o que estava sentindo. Me lembro de uma vez, quando era criança, que eu havia brigado com meu então padrasto na época. Tinha sido uma briga feia. E eu escrevi uma cartinha e deixei colada na geladeira. Essa carta contava os motivos de eu estar chateada, as coisas que me fizeram ficar triste e no final havia um pedido de desculpas. Me lembro que me senti leve. Era como fazer uma terapia.
Aliás, hoje, faço terapia! E até nos encontros tenho dificuldade de me abrir....a coitada da minha terapeuta tem que me espremer ao máximo até conseguir arrancar alguma informação relevante. O importante é que, em várias situações da minha vida eu tenho vontade de escrever sobre o que estou sentindo ou pensando. Talvez seja uma forma de organizar minhas ideias (por isso o nome do blog), e refletir sobre como agir.
Hoje eu tive vontade de escrever pois tenho sentido com frequência uma saudade enorme. Uma saudade de coisas que não vivi, de lugares que não conheci e de uma Priscila que eu ainda não fui. Estranho, não? Não sei se outras pessoas já sentiram isso. Mas eu venho sentindo. Uma saudade de uma coisa que desconheço, de pessoas que desconheço e de sentimentos que desconheço. Este ano eu coloquei na minha cabeça que quero fazer pelo menos uma viagem bacana por ano. Viajar para algum lugar que não conheço (o que não é difícil já que nunca viajei muito e conheço poucos lugares). Talvez esse seja o primeiro passo para essa inquietude que venho sentindo. O novo me atrai. Eu tenho sede de conhecimento de todas as formas. Agora é fazer com que isso deixe de ser uma ideia e passe a ser uma meta!